Exercícios de dicção | Actualizado a 2008/11/13 |
1. Cada texto deve ser lido calmamente. Primeiro é preciso dizer correctamente aquilo que se lê. Num segundo momento, depois de já se ler o texto com alguma segurança, deve-se tentar dar a entoação e o ritmo que parecerem mais adequados para cada texto. B Á boca de um beco na bica do Belo Um bravo cadelo berrava: bau, bau. Um bêbado, um botas de bolsa e rabicho, embirrava com o bicho, bateu-lhe com um pau. Foi grande a balbúrdia, a turba se ria, o bruto bramia, e o broma a bater. Com o pau sobre o pobre, e bumba e mais bumba, parece um zambumba. Bendito beber. C Na toca de uma coruja numa casa escangalhada corria de canto a canto certa cobrinha cintada. Encontra um pinto calçudo que por ali andava à caça das moscas e sevandijas e que ao ver a cobra embaça. "Comadre", diz o coitado lá no seu queriquiqui, "vem caçar? Eu já cacei. Entre que eu saio daqui". Torna a cabeça escancarando a boca: "caçaste? E eu não. Mas ambos temos faxina, compadre do coração..." D Um doido destes de pedras, por nome Andrónico André, Casado com dona Aldonça, Que em vez de dois, tinha um pé. Dia de corpo de Deus, disse à esposa: "Aldonça, andai adornai com as gualdrapas, que herdei de Adão meu padrasto". "Dai-me a capa de bedel, o casaco de mandil, o meu chapéu de dedal, e a bengala d´aguazil." "Gravata dura (que é duplex), meu relógio de cadeia. O meio-dia oiço dar! Põe-me já depressa a ceia." "Venha o pudim de bedum, que a dona Dulce nos deu, e o presunto quadrilongo, do quadrúpede sandeu." E assim ceado a asseado. O tal Andrónico André, saracoteando os quadris, F Florência, Francisca, Eufrásia, todas de fraldas de folhos, foram fazer uma festa de filhós, bifes, repolhos. Três tafuis, três franchinotes, deitaram-lhes fel nos molhos, por tal feito que as três, fartas de fome e de zanga, só comeram dessa vez, fígados fritos de franga. G Eugénio Gomes da Gama e Gil Gonçalves Bugio brigaram num desafio pela grulha de uma dama. Grande desgraça e muito digna de lágrimas bem gerais! Seus golpes foram mortais, e aquela magana indigna mangou nos seus funerais. J Um janízaro em jejum viu num jardim um jarreta, que estava a jantar peru, gergelim e ginja preta. De júbilo encheu-se todo, e pregou-lhe uma peta que tirou o pé do lodo e gamou tudo ao jarreta. L Pondo loja de capela, Pantaleão do Cardeal, alardeia o que tem nela, pregando-lhe um edital: "linhas, lonas, alfinetes, lamparinas, chalés, luvas, lenços, lâmpadas, colchetes, leques, luto de viúvas. Lustres, lacre, lã, palitos, ferrolhos, lápis, lanternas, papel, galões, passarinhos, ligas de enlaçar as pernas!" Com esta longa parlanda, o feliz Pantaleão já tem pilhado um milhão e vai comprar a outra banda. M Amaro Simão de Sousa tem mendiga muito fatal: semeando qualquer coisa, jamais lhe nasce outra igual. Suponhamos que semeia mostarda ou manjericão: vem-lhe malvas, vem-lhe aveia, ou melancia ou melão. Malmequeres dão-lhe amoras, amoras dão-lhe marmelos: marmelos criam-lhe esporas, e estas moncos amarelos. Teima e afirma muita gente de moleirinha machucha que esta mendiga indecente foi manobra de uma bruxa. P Pedro Paulo Pinto Pereira, pobre pintor português, pinta portas paredes e painéis, por preços populares, para poder partir para Paris, pois pode praticar Ping-Pong, que é desporto parco, mas de prática particularmente preversa. Comprei um pinto em prata (que não há preço mais módico) uma pipa uma pata, um pote, um pente, um periódico. Depois pus tudo isto à venda, que parvo negócio fiz! um rapaz moço de tenda prometeu-me uma de xis. Qu Quem há que queira comprar em Queluz um bom quintal? No Verão é muito quente; no Inverno tal e qual. Tem quinze árvores de quina, quarenta cardos de coalho, quatro flores de quaresma que não requerem trabalho. Dá três alqueire e Quarta de quássia e doze de milho, e do líquido que esquenta: seis quartolas e um quarlilho. Qualquer pessoa querendo ver este prédio esquisito pode falar com o quinteiro Quirino Joaquim Cabrito. Que eco que há aqui! Que eco é? É o eco que há aqui. O quê, há eco aqui?! Há eco, há. R Comprei na feira do Rato, no largo das amoreiras, arroz de peru num prato arranjado pelas freiras. Sabia a chouriço moiro; era comer e gritar! Carne, rins, recheio coiro, roí sem resto deixar. Porém, fiquei muito doente, tanto que o doutor Cabral me receitou para o ventre raspas de unicórnio e tal. Um rato roendo roía o rabo do rodovalho e a Rosa Rita Ramalho de o ver roer se ria. O rato roeu a rolha da real garrafa do rei da Rússia. O Borges relojoeiro ruminara roendo raspas de raiz de romãzeira. O tambor rufará rápido: três rufos e seis batidas, para o remador desamarrar rente o remo e remar contra a corrente. O doutor receitou remédios drásticos: três colheres de óleo de rícino e raspas de rosa rara. O livro raro traz trais trechos que rapidamente se o rasga. S Nasce-se, cresce-se, desce-se... os senhores as senhoras... os senadores as senadoras... Se os seis sábios são susceptíveis, seguramente sereis satisfeito. Céus! se Cecília sabe, seus sentimentos serão sempre sinceros. Os assassinos sobre seus seios sugavam sangue sem cessar. Susana! Se saíres sai só. Sou o sempre seu Serafim Sá de Sousa. S (z) Um rapaz tendo uma Zebra metida num casarão, desancou-lhe um dia a febra que a pôs magra como um cão. A azêmola era cinzenta, e, depois daquela tosa, ficou da cor da pimenta e a atirar para fanhosa. T Triste trolha atrapalhado de taipar tanta trapeira, consertar tanto telhado, estragar tanta goteira. Na festa de Santo Entrudo entra trôpego e zoupeiro, de tamancos, tosco e rude, no interior do seu palheiro. Sentou-se num tamborete, sem dizer nem chus nem bus e pôs-se a entrudar sozinho com tripas de atum de truz. Eis trinta cães famintos (outros dizem trinta e seis) entram de tropel ladrando. Que estrago!... Agora o vereis. Trastes, trancas, tocos, troncos, estoiram...tudo é tropel. Bater, latir, tombos, roncos terminam este aranzel. V Vinde ouvir caros ouvintes. Vale a pena! Era uma vez Vitorino Vaz Ventura dos Arcos de Valdevez. Vai ele um dia e vestiu-se com a véstia verde-gris, luva nova cor de couve e verónica de Aviz. Adivinhais o motivo porque assim se ataviou? É porque ia a Vila Verde à voda do pai-avô. - Como vens viçoso e grave! Diz o pai-avô. - Trago-vos trovas em verso, lhe volve o vivo camelo. E tais trovas e tais versos dum livro lhe vomitou que virou de uma vez o bucho ao ciso do pai-avô. X Excelente chá da China em caixotes de charão trouxe a charrua xarroco, que é xaveco de feição. Além deste chá de luxo, mil coisas muito curiosas trouxe da China. Por exemplo Chambres roxos, seda fina. Chibatas e chifarotes, lenços para chischisbéus, Chorinas de franchinotes, frascos de óleo de xaréus. Xargões, enxergas, enchovas, enxofre, enxós, chocolate, enxúdias, enxertos, lixas, lagartixas e um orate. Xavier consignatário, chineiro gordo e convexo, vendo tanta esquisitice dizem que ficou perplexo. | |
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NÍVEL MÉDIO NÍVEL DIFÍCIL NÍVEL (QUASE) IMPOSSÍVEL Retirado de : http://atelierradio.com.sapo.pt/prod/textodic.htm | |
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Exercícios de dicção
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